terça-feira, janeiro 30, 2007

Morrer não dói

"O amor é o ridículo da vida, a gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo, indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve. Como borboletas que só vivem vinte e quatro horas. Morrer não dói."
Cazuza

quarta-feira, janeiro 24, 2007

"O Segredo é não correr atrás das borboletas...É cuidar do jardim para que elas venham até você"


“ O segredo é não correr atrás das borboletas...
É cuidar do jardim para que elas venham até você”
Mario Quintana


Chega de podar os galhos indevidos, adubar a terra e regar a grama. Basta de moldar as plantas, achar a sombra certa e querer que todos os botões desabrochem iguais, fortes e belos.
Vamos plantar mais sementes, deixar espaços para que os passarinhos façam seus ninhos. Assim, seremos mais livres, poderemos fazer nosso jardim próprio, realmente único. Não ficaremos limitados no que já existe. Inovaremos, teremos o diferencial.
Certamente será mais trabalhoso, mas por fim o sábio jardineiro aprenderá que o essencial é aumentar o jardim, por que mesmo que um dia algumas plantas morram , terá outras para enfeitar seu espaço. E sempre haverá borboletas.

Fábio Ortolano

domingo, janeiro 21, 2007

“Quer romance? Compre um livro!”

“Quer romance? Compre um livro!”

Será mesmo que os romances saciam os desejos de um romântico? Pra mim, podem até oferecer prazer ao leitor, porém nada é como a própria estória. Aliás, do que são feitos os livros, contos e crônicas, a não ser sobre as experiências humanas. Muitas vezes os autores projetam seus sonhos em palavras. E ler é uma viagem que almejamos fazer.
Assim, infeliz é o sujeito que se priva das simples e grandes emoções. A vida precisa ser vivida intensamente. Cheia de sentimentos, dramas, conflitos, prazeres, derrotas e conquistas. Só assim valerá a pena.
Ao contrário disso, a pós-modernidade é marcada pelo instantâneo, fazemos tudo às pressas, mal sentimos o sabor da vida. Os pratos são colocados à mesa e as pessoas comem sentadas no sofá vendo a Televisão. Os casais atropelam carícias, momentos de sensualidade. Queremos sempre chegar logo ao fim. Simplesmente matamos a fome e satisfazemos os instintos animalescos.
Por isso o livro não me basta, não quero satisfazer meus desejos através de uma personagem. Espero viver tudo intensamente, sem pular etapas, apreciando minuciosamente cada instante.


Fábio Ortolano

domingo, janeiro 14, 2007

Acróstico dedicado ao amigo Leandro R. Carneiro


Leal e companheiro
Es meu amigo verdadeiro
Ao conhecer o simples garoto
Não me enganei
Divino é o querido maroto
Rico em educação
O exemplo de dedicação

Raro moço caprichoso
Otimista e corajoso
Bravo e forte
Excessos não lhe faltam
Rabiscos numa folha o completam
Torna belas as palavras
O escritor que não é de lavras

Certamente és certeiro
Audacioso e guerreiro
Remove até montanhas
Nas horas mais estranhas
Es um grande sonhador
Ilustre idealizador
Romântico e sedutor
O sábio professor


Fábio Ortolano

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Paz




É tempos de descanso, de trégua. A guerra já terminara, só nos resta esperar, como aquela dona do busto inchado, que espera nove meses para dar a luz. Tivemos meses de preparo, estresses e luta. O futuro não sabemos como será, certamente a luz da esperança iluminará o caminho nos próximos dias. E com ela, alimentaremos nossos sonhos.
As batalhas não foram fáceis, dois meses de garra, coragem e determinação de todos que delas participaram. Não só os vencedores serão gratificados, numa guerra todos perdem e ganham. O jovem combatente sempre terá um aprendizado, mesmo sem a vitória. Para todos, o que resta é a paz, a tranqüilidade do fim. Compartilham desse momento para que nos próximos dias tenham força pra seguir o destino ou continuar na luta.
É assim, depois de uma guerra, sempre haverá um momento de tranqüilidade. Aproveitemos então a paz que aconchega nossas vidas.

Fábio Ortolano

domingo, janeiro 07, 2007

Lívia De Sordi


Lívia,

Hoje o tema de nossa redação fora amizade, confesso que a princípio senti dificuldades em expressar o que pensava, mas como tudo na vida, se deixarmos os fatos e relações fluírem naturalmente, terão resultados na maioria das vezes positivos.
Assim eu fiz na hora da prova, lembrei das pessoas que passaram em minha vida e dessa forma eu coloquei minhas experiências. Você foi uma pessoa que me lembrei, companheira de cursinho, sonhos, debates e confissões. Pra mim, esse é o valor da amizade, as pessoas não precisam ser eternas, o simples fato de terem passado por nossas vidas, já as torna muito especial. O importante é essa relação de cumplicidade e carinho.
Tenha certeza, um dos maiores presentes que ganhei na vida foi a sua carta, já perdi a conta das inúmeras vezes que a li. Como você disse, o quê é uma prova no meio de uma vida inteira....Antes de deitar eu passei os olhos por esse trecho e consegui dormir. Fiquei tranqüilo, mas acho que não foi por pensar na simplicidade que é fazer um vestibular, certamente suas palavras amigas me confortaram num momento de ansiedade. Dessa forma vejo a amizade, como uma troca, dividimos algo, pra multiplicar a alegria.
Sem dúvida nossa jornada é mais prazerosa se temos um amigo.E como retribuição de tudo isso, publico hoje um acróstico dedicado à você.



L írio das mais belas pétalas
I gualá-se a beleza de raras pérolas
V ive ela na pequena Nova Odessa
I maginando mundos encantados
A limentando sonhos apagados

D ona de inestimável inteligência
E s exemplo de competência

S ingela e também brilhante
O fusca a preciosidade de qualquer diamante
R etratar-te é trabalho para um poeta
D ivertida e responsável
I lustre e amável

Fábio Ortolano

Rumo à guerra



Uma batalha já fora vencida
Os sacrifíos superados
A luta compreendida
Os medos encorajados

Estamos próximos da fronteira
Mas não é a das trincheiras
Escrevendo nossas histórias
Estamos à um passo das vitórias

O sucesso ou a derrota
Não mudarão nossa rota
Haja oque houver
Seja o que Deus quiser!

Rumo à guerra!

Fábio Ortolano

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Escola


Iniciei meus estudos no ano de 1992. Era tempos de feira de ciência, festas da pizza, junina e etc. Bons tempos aqueles. Lembro-me de uma comemoração de dia das bruxas, foi incrível, não por minha classe ter ganho o prêmio de melhor decoração, mas pela cooperação que houve entre alunos. Do resto, tudo íamos mal, futebol, arrecadação de mantimentos e etc.
Passei oito anos de minha vida na Mattos Gobbo, por mim passaram vários professores, alguns ótimos, outros bons e até professores de "fundo de quintal".Raquel(que ainda vejo esporadicamente)de Português,Othonaide de Ciências, Márcia de Ed. Física, Catharina de Inglês, Adélia de Matemática, Maria Lazara...rsrs de geografia, Totó e assim por diante.
É triste recordar de algumas coisas. Certo dia eu estava descendo a escada que da para as salas de baixo e me dei conta de quanto aquela escola havia mudado. Foi uma sensação horrível, me senti roubado, injustiçado, desprotegido, impotente. Era muito novo, acreditava que os grandes responsáveis eram políticos.
Não tinham mais aquelas festas, os grêmios mal se formavam, a biblioteca...Para que a tinha? Se não havia o incentivo a leitura e mal se falava de literatura nas aulas de português. A única coisa que lembro, foi um trabalho que fiz sobre arcadismo, só!
Sem contar na sala disponível para tal, era um cubículo que só caberia um acervo de livros didáticos.E a inclusão digital? rsrs. Não sei se dou risada ou choro. Sei que só pude tocar no computador de lá duas vezes. Na verdade, as únicas pessoas que utilizavam os PCs eram funcionários da escola, irônico, não é? Já que estes certamente tinham mais acesso a essas tecnologias. Não os culpo, afinal, são também vítimas de um sistema de educação falido.
No último ano que estudei naquela escola, teve um "Concerto pela paz na escola" realizado pelo governador Geraldo Alckmim. Alguns alunos foram escolhidos e fomos para São Paulo, no ginásio do Ibirapuera. Achei o máximo quando a coordenadora da escola disse-me que eu era um dos escolhidos, acreditava que estava participando de um projeto no mínimo interessante. Não era. Simplesmente uma alienação. Foram alguns famosos se apresentarem e falavam bem da escola pública, que já estava desmoronando, em ruínas. Tudo farsa, como quase tudo em nosso país, no qual o estado é cada vez mais ausente.Hoje minha visão é outra, o problema vai muito além da corrupção ou da falta de interesse de nossas autoridades. Todos nós temos uma parcela de culpa. E quando me perguntam como era estudar em uma escola pública, prefiro falar das coisas boas. Mas preferir nem sempre é o que fazemos, exemplo disso é o texto que acabo de publicar.
Diante disso, para não ser tão impotente eu estudo, quero ingressar em uma universidade de qualidade, e acredito que todos deveriam ser assim, não como eu, mas como alguém que deseja mudar o quê parece estar errado, dentro de suas possibilidades.
Fábio Ortolano

Meu Protesto



Ao entrar no ônibus no dia 21 de abril de 2006, data esta que se comemora a morte de Tiradentes, símbolo da independência de nosso país, me deparei com algo contraditório: Na data supracitada, o retrato de um menino sem perspectivas de vida apontava pra uma realidade de um país miserável que, ainda dependente, é afetado pela luta de classes.
Esse garoto deveria ter seus nove ou dez anos e mesmo tão jovem fazia seu trabalho como um adulto experiente com diversas habilidades, uma delas a boa comunicação que tanto encantava as pessoas ali presentes.A moça do banco à frente sorria para o menino, o casal de trás comentava sobre seu dinamismo, e eu refletia sobre a situação.
Sem dúvida seu trabalho é bonito e suas causas devem ser nobres, afinal, estamos tratando de uma criança, vítima de um sistema injusto e cruel. Mas as conseqüências do trabalho infantil são catastróficas, invisíveis, porém irreversíveis. Acabar com o sonho de uma criança é inadmissível, monstruoso, e ao fazer com que ela desde pequena tenha responsabilidades contribuímos para isso.
Já eram 23h e antes do ônibus sair o menino se oferece para carregar as malas dos passageiros.Objetos pesados para aqueles adultos, imaginem para uma criança. Seguimos a viagem e o menino veio falando sobre os serviços oferecidos pela empresa de transporte e no término de seu discurso passou pelo corredor vendendo gomas.Alguns por gratidão, outros por compaixão compraram as balas do garoto.Antes de descer dividiu parte de seus lucros com o motorista e como lhe avia sobrado algumas gomas, deu para o motorista e disse:
- Dê para seus filhos, o senhor os têm?
- Tenho sim, uma menina. Essa hora ela já deve estar dormindo.
Chocou-me aquela cena, notar que muitas vezes nós não percebemos o outro, como aquele motorista que não pensou que poderia ser sua filha naquele momento. Durante toda a viagem pensei numa forma de mostrar o quê pensava ao motorista, até lhe pedi uma caneta para escrever um bilhete, mas na hora de entregá-lo, me faltou a coragem. Covarde!
Talvez eu não devesse ser a pessoa certa para isso. Mas aqui faço meu protesto, por esse e por vários meninos e meninas que têm suas infâncias roubadas. O Brasil tem um projeto chamado PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), conveniado a projetos sociais de municípios que visam tirar crianças da rua e do trabalho precoce. Vale lembrar que o apoio da sociedade é muito importante, desde a conscientização dos riscos até a ajuda de organizações que lutam contra esse mal.
Fábio Ortolano

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Bradescomplicado


Nas paginas de um dicionário achamos a definição de completo da seguinte forma: 1. A que não falta nada do que pode ter; 2. Perfeito , acabado. O velho Aurélio explica complicado como: complexo, difícil , confuso.
Percebemos então, que o maior banco privado do país, engana-nos ao dizer que é completo em suas propagandas. Vendem-nos imagens de conquistas, momentos de entretenimento e felicidade. Mas o que isto tem a ver com cadernetas de poupança, cartões de crédito e caixas eletrônicos? Na verdade nada, simplesmente tentam encobrir o mau atendimento que oferecem e a péssima consideração que realmente tem com os clientes.
Assim, confiantes que encontraremos o gerente a nossa espera, funcionários simpáticos auxiliados por instrumentos que facilitem o atendimento, vamos ao banco a procura de um dos serviços prestados. Lá, encontramos pessoas sobrecarregadas, conseqüentemente de mau humor. Mal conseguimos contar as voltas que a fila dá, e o gerente cadê? Certamente, deve estar numa salinha subindo as escadas, virando à direta, na última sala do canto esquerdo.
E o pior é que além do serviço mal feito, estas empresas, inseridas no mundo neoliberal, invadem nossas casas anunciando camufladamente suprir a ausência do Estado. Já que o último não nos oferece lazer, qualidade de vida e sucesso, essas organizações induzem-nos acreditar que elas farão o papel do governo omisso.
Diante disso, compreendemos que os bancos como o Bradesco, as concessionárias de automóveis e as megas lojas de roupa são bem complicadas, muito longe de completas. E são muito parecidas com as instituições públicas, ou seja, bem diferente do que nos mostram. Organizações mascaradas com serviços maquiados.
Fábio Ortolano

Márcia

Não me lembro a data certa, só sei que as lembranças ainda se fazem presentes. Era um final de tarde e eu voltava para casa. Encontrei uma mulher que nunca tinha visto na vida e posso dizer que ali ocorreu algo mágico, descobri com uma desconhecida alguns dos valores humanos. Cheguei no ponto de ônibus, e lá estava a tal moça, vendendo algumas bugigangas. Ao me aproximar, ela indagou:
- Moço, não quer comprar umas pulseirinhas para namorada?
Disse que não tinha dinheiro, mas ela insistia e eu repetia que não as queria. Era uma mulher simples, estava vestida com trajes velhos, com alguns furos, gastos pelo tempo.
Percebendo que não conseguiria fazer a venda, ela sentou-se e ficou quieta. Sentei ao seu lado e perguntei se era ela mesmo que confeccionava os utensílios. Respondeu-me que sim e vendo meu interesse começamos a conversar.
Em poucos minutos ela já havia me contado boa parte de sua vida. Paulistana, morou em várias cidades e quando a conheci estava instalada em Americana-SP, num galpão de fábrica. Com ela, vivia um deficiente, um alcoólatra e um mendigo, todos estavam lá de favor, dizia. Antes disso, tinha um barraco em Campinas, maior cidade interiorana do Brasil, saiu de lá pela falta de privacidade e insegurança. Se não me engano, seus filhos moram em outra favela com o pai, que tem mais condições para sustentá-los.
Mesmo marginalizada pela conjuntura social, ignorada pelo Estado, ela era otimista, dizia que queria construir uma casinha na nova cidade que a acolheu. Queria ir ao cabeleireiro fazer as unhas, pintar o cabelo, para que alguém se interessasse por ela.
A conversa fluía como se conhecêssemos há anos. Veio meu ônibus e eu precisava ir, mas pensando melhor, resolvi ficar ali por mais alguns instantes, afinal, ela estava tão entusiasmada em me falar sobre sua vida, carente de atenção e tão confiante no meu interesse, que seria injusto de minha parte deixá-la naquele momento.
Sinceramente eu também precisava dela. Passado um bom tempo eu já não sabia quantos ônibus havia perdido. Não me esqueço da cena em que eu disse:
- Esse é o meu, tenho que ir.
- Ahhhhhh, que pena.
Aquele som foi como uma estaca, prendendo-me naquele local. Acho que ficaria o resto da noite a ouvi-la, mas já estava escurecendo e eu realmente precisava ir, dessa vez, ao avistar meu ônibus eu me levantei e me surpreendi: Ela se levantou e me deu um abraço.Em direção ao ônibus, escutei:
- Como se chama?
- Fábio, e você?
- Márcia
Não sei explicar os motivos, o por quê aquela mulher me chamou tanto a atenção. A princípio mal a vi e depois ela se manteve em minha mente por vários dias. Deveria ter comprado algum daqueles objetos, pelo menos teria uma lembrança dela.

Fábio Ortolano