sexta-feira, agosto 26, 2011

Sociedade do Espetáculo

Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação.
Essa frase, de DEBORD, ao tratar da Sociedade do Espetáculo nos mostra o quanto a performance vêm tomando lugar do ser. E isso revela uma desconstrução de nossas perspectivas sobre o SER humano, pois não importa mais o ser e sim o parecer ou o estar momentaneamente.
Na sociedade do instantâneo, tudo é passageiro, diluísse nas representações que, no minuto seguinte, já está no passado, sem qualquer valor. A imagem é para o agora, no presente, e o que importa é a performance.
Feuerbach, no prefácio à segunda edição de A Essência do Cristianismo, coloca que em nosso tempo prefere-se a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser, pois a verdade está no profano. Ou seja, conforme decresce a verdade, a ilusão aumenta e o sagrado cresce. O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado. 
Assim, as praticas de nossos representantes políticos tem muito a nos revelar sobre essa experiência performativa da vida. E um bom campo para análise desse espetáculo são as paginas de relacionamento e redes sociais, onde se fala muito e há muita performance.
Já que em seus perfis nas redes sociais são apresentados como representantes políticos, há de se esperar que se portem como tal. Entretanto, ao invés de publicarem suas ações e reivindicações preferem postar passagens bíblicas, frases poéticas e dizeres de pensadores, sem qualquer reflexão sobre o que postam. Esquecem-se de ali é um espaço para a publicação de um pensamento próprio e não apenas do outro. Ou então, a pergunta que motiva as postagens, em uma das redes, seria "O que os outros estão pensando agora?"
A mim me soa até como uma apropriação descabida de reflexões de outrem. Parece-me que tais políticos pouco sabem, de fato, sobre as percepções e entrelinhas presentes nas transcrições que postam e compartilham. Entretanto a ausência de lógica é lógica na sociedade do espetáculo, pois não importa a verdade e a realidade e sim, como já dito, a performance.

domingo, agosto 07, 2011

Silêncio?

Duas forças contrárias, uma a outra, me dominaram ao escrever esse artigo. Uma que me orientava não por a mão sobre o teclado e outra que insistia em dar seqüência às reflexões postas em tantos jornais e portais virtuais.  
A primeira delas estruturava-se por uma das referencias que tenho sobre sexualidade. Foucault, filósofo francês, ao tratar da história da sexualidade nos relata que as sociedades ocidentais, até colocarem o sexo em discurso, a partir da confissão e dos diagnósticos clínicos, institucionalizados, jamais teriam silenciado tanto a sexualidade como nesse momento. Quando mais se falou em sexo, mais ele foi reprimido.
A outra força lembrava-me da perspectiva construtivista, a qual enxerga a linguagem e o discurso como forma de produção de sentidos, significados e, conseqüentemente, de compreensão das coisas e dos próprios sujeitos.
A segunda me fora mais enfática e, assim, trago mais algumas reflexões sobre tal fato polêmico, pauta das mídias locais e até internacionais. Um vereador de São Paulo, que nem citarei o nome, pois tais assuntos em voga me soam como levante de campanha, propôs um projeto de lei que institui o dia do orgulho heterossexual.
De fato, as convicções e visões de mundo são pessoais e jamais devem ser desqualificadas por outrem. Aliás, respeitá-las é um princípio básico ao viver em sociedade civilizadamente. Só é preciso ter consciência e cuidado quando nossos posicionamentos afetam outras pessoas, quando silenciamos e invisibilizamos sujeitos.
Não tem lógica a proposta do vereador, tão pouco um movimento manter-se quieto ante tal fato. Um movimento que milita diariamente nas ruas pelo simples direito de manifestar a sexualidade, por sobreviver, que se institucionaliza em grupos de estudos e de apoio, que é composto por educadores, jornalistas, psicólogos, partidários, engenheiros, advogados, jovens, adultos, idosos e em tantos outros papéis, não podia manter-se calado. 
Não sejamos levianos, o movimento não é contra qualquer afirmação, e sim contra a banalização de políticas públicas e ações que visam uma transformação social, de uma realidade opressora. Datas estabelecidas para o orgulho de minorias são para o reconhecimento destas enquanto sujeitos políticos, existentes, com voz e espaço.
Propor e aprovar o dia do orgulho heterossexual é o mesmo que instituir o dia da consciência branca, dos fisicamente perfeitos, dos homens, e dessa forma, manter invisíveis minorias excluidas do poder e dos direitos de cidadania – mulheres, negros, homossexuais, portadores de necessidades especiais, etc. São anos de discussão, debate e militancia banalizados por ações pontuais.  E estes jamais seriam desnecessários, sobretudo diante de fatos como o ocorrido.
Afinal, qual é, ainda hoje, a porcentagem entre homens e mulheres que ocupam os espaços públicos, qual é a proporção de brancos e negros que compõem as classes sociais, quantos livros em braile temos em nossas escolas e quantos são os heterossexuais e homossexuais que apanham por demonstrarem afeto pelo sexo oposto ou similar?
Não se trata de uma imposição ou perseguição ideológiga, mas uma reação à banalização das práticas de agrupamentos políticos. O movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, assim como os de outras minorias, não aclama por qualquer silêncio e sim pelo direito de não manter-se calado.

terça-feira, agosto 02, 2011

Noites


Nada como as noites
Quando descansam os sonhos 
Onde, em algum lugar, debruçam-se os pensamentos

Nada como as noites
Quando se gozam os prazeres
Onde, em algum lugar, se buscam os deleites

Nada como as noites
Quando se avista aquele moicano
Onde, em algum lugar, se dança como se fosse o último tango


Liniers




Liniers