sexta-feira, janeiro 02, 2015

Resposta à crise financeira e aos óculos escuros

* Texto originalmente encaminhado ao jornal O Liberal para seção de opinião

Na década 50, em que nos destacávamos como pólo têxtil da America Latina, nosso município apontava para sua vocação industrial. Na mesma época o país cujos emigrantes nos conferiram o nome, transformava sua sociedade e economia. Os Estados Unidos à época diversificava sua mão de obra e investia no comércio, nas finanças, nos transportes, etc. O setor terciário responde hoje por aproximadamente 77% do PIB e 79% dos empregos.

Não que eu seja entusiasta do modelo capitalista americano, tão pouco suponho que o histórico político e social não infiram nas ações econômicas, mas há algo que me toca ao pensar em mudança social, que é a diversidade, em todas as dimensões. Não apenas o multiculturalismo traz respostas às mazelas sociais, como também a diversificação da economia pode significar novas perspectivas de futuro e frentes de ações, públicas e privadas para a transformação da realidade.

Antes da eleição de 2012, na qual infelizmente elegemos Diego De Nadai, eu tentei contato com os candidatos para apresentar um plano estratégico de turismo para Americana, que fiz enquanto cidadão. Apenas um secretário de campanha do Omar Najar me atendeu, mas de qualquer forma não fez coro ao projeto. 

No ano passado entrei em contato com dois vereadores que foram receptivos à idéia, mas preferimos aguardar os desfechos políticos da atual crise. E nesse momento, assim como compartilhei com nossos parlamentares, gostaria de refletir sobre a proposta junto aos leitores do Liberal e às autoridades que lêem o artigo. 

Diante da atual crise financeira e política, nos cabe atenção, criatividade e participação. Pra mim, não será o mais do mesmo que nos salvará do caos instaurado, nem a indústria que há tempos não possui o potencial de antes, tão pouco as autoridades vendidas e cúmplices que decidiam os destinos do município sob “óculos escuros”. Não digo cabresto, pois não vejo a ignorância e muito menos a ingenuidade dos eqüinos nos legisladores que nesses últimos anos foram escudos e munição de Diego De Nadai. Refiro-me metaforicamente aos óculos escuros pela negligência e indiferença que tais representantes nos olharam enquanto cidadãos e para nossa cidade.

À luz de que do lixo podemos construir algo novo para Americana e de que o setor terciário tem sido a aposta dos países em desenvolvimento, modestamente acredito que a nova gestão deve orientar-se em três pilares: aproveitamento do legado deixado, diversificação da economia e gestão participativa. Em se tratando do legado, falo dos equipamentos que surgiram, mas não como fins em si mesmos; sobre a diversificação da economia acredito no potencial de turismo receptivo e social e quanto à gestão participativa, acredito numa política descentralizada de inserção cidadã, vislumbrando que a economia esteja voltada às comunidades e que estas, em parceria com o poder público, se desenvolvam por seus caminhos.