quarta-feira, março 30, 2011

Beco dos Barris: Apresentação

Beco dos Barris: Apresentação: "O Beco dos Barris é um espaço idealizado pelo historiador e pesquisador Antoninho Rapassi. É um dos ambientes do Americana Hotel, fundado em..."

quarta-feira, março 16, 2011

Adolescência colorida

A Adolescência é uma fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta, conhecida também como fase de moratória. Ela se caracteriza por alterações biológicas, mentais e sociais - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o faça a assumir os deveres e papéis sociais do adulto.

Cabe mencionar que os adolescentes, enquanto sujeitos sociais, vivem num sistema social, econômico e político que molda e determina suas práticas e vivência. E no sistema capitalista, esse adolescente que está em fase de preparo para a adultez, vive uma fase que está associada a produção e ao trabalho.

Daí, observa-se dois olhares para esse sujeito social, pois quando falamos em opnião e direito em expressá-la, tratamos dos significados e concepções dos adultos: Um que o enxerga o adolescente como alguém em desenvolvimento, sem voz e em transição e outro que o nega pela condição de moratória, que o permite uma liberdade nas ações e desejos que na adultez é reprimida.

E se esses jovens não têm o direito à fala, à expressão de sua opnião e espaço para tanto, sua participação social será diferente das realizadas pelos adultos. E uma das possibilidades que pode-se notar é a formação de tribos como intervensão de contra-cultura, de direito à expressão. O artigo 16 do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE dita que o direito a liberdade compreende a expressão e a opnião.

A tribo dos coloridos, por exemplo, composta principalmente por adolescentes torna-se registro e alvo das concepções e significados que a sociedade traz junto aos seus valores, cultura e padrões normativos. Ela está além de um estilo de roupa, música, linguagem e atitudes, revela uma ideologia, um pensar social e um comportamento político e social.

As tribos urbanas são constituídas por agrupamentos que têm como objetivo principal estabelecer redes de amigos com base em interesses comuns. Essas agregações apresentam uma conformidade de pensamentos, gostos, hábitos e maneiras de se vestir. Na história conhecemos várias delas, como os hippies, os punks, os góticos, as patricinhas, os clubbers, os casuais, os skatistas, e assim por diante, até chegarmos em tribos mais recentes como as dos emos e dos coloridos.

Os adolescentes que antes eram os conhecidos como “EMOS” hoje estão na moda dos coloridos, ou seja, as roupas pretas, os acessórios e as franjas, foram trocados por calças coloridas, blusas com estampas divertidas e cabelos repicados. Bandas como Restart e Cine foram os maiores influenciadores dessa nova tribo.

São várias as críticas que se pode ouvir sobre a nova tribo, contudo, é estranho pensar que num país como o Brasil, onde a diversidade e a pluralidade cultural, de crenças e de raças é tão evidente, ainda haja tantos discursos focados a um padrão do que é moda, estilo ou expressão.

Cardoza (2003) coloca que mesmo não sendo exclusividade da juventude, o fenômeno das tribos se perpetua mais entre os jovens, e isso é facilmente notado ao pensarmos nos precursores de todas as tribos supracitadas, ainda assim, sempre haverá novas tribos, independente da fase etária.

É através das tribos que o adolescente pode exercer sua participação social. A sociedade possui um leque de opções de agrupamentos e intervenções em sua cultura e configuração. E a juventude apresenta suas especificidades em organizar-se, por exemplo, politicamente. A expressão de suas subjetividades e opiniões nem sempre são através de protestos institucionalizados, como greves e passeatas, no entanto, não significa que as práticas não sejam políticas e que as tribos sejam passivas.

Os coloridos trazem junto aos seus hábitos e estilo um conjunto de significados relacionados, dentre outras coisas, ao direito sobre o corpo e a sexualidade, mesmo que inconsciente. A partir dos hábitos, por exemplo, podemos notar o compromisso com alguns direitos, como: a) De viver a sexualidade sem medo, vergonha, culpa, falsas crenças e outros impedimentos à livre expressão dos desejos; b) Direito de viver a sua sexualidade independente do estado civil, idade ou condição física; c) A escolher o/a parceiros/a sexual sem discriminação, e com liberdade e autonomia para expressar sua orientação sexual se assim desejar e d) De viver a sexualidade livre de violência, descriminação e coerção; e com o respeito pleno pela independência corporal do/a outro/a.

Assim, considera-se que a participação social pode ocorrer sob várias formas e perspectivas e que os adolescentes e jovens apresentam suas especificidades na expressão de suas concepções e participação junto à comunidade, haja vista o contexto e sociedade nos quais estão inseridos.

Os aprendizados dessa disciplina foram importantes para a compreensão da estrutura social da qual fazemos parte, das relações de poder e do papel que o adolescente apresenta na sociedade. Foi relevante para a constatação de que os problemas psico-sociais não são exclusivos dos adolescentes, mas sim de toda uma conjuntura social.



REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CARDOZA, Isabela Fonseca. A sociedade pós-moderna e o fenômeno das tribos urbanas. Lato & Sensu, Belém, v. 4, n. 1, p. 3-5, out, 2003.



ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 1. Política para juventude. Proteção a infância. São Paulo, 2007.