segunda-feira, julho 20, 2009

Paradas LGBT e idealISMOS


Sob a perspectiva de entendermos o capitalismo como um fenômeno e sistema social, concordo com a idéia de que a discriminação de gênero seja determinada pela relação de produção da sociedade capitalista, bem como com todas as outras opressões conseqüentes dos padrões hegemônicos de poder. E a de fato “minoria” – (HOMENS adultos, brancos, heterossexuais, de famílias abastadas, sem deficiências físicas e sensoriais) construirá um discurso e uma cultura de inferiorização daqueles que se diferem do seu perfil, ainda mais, nas relações de produção e trabalho. Contudo não acredito que a realidade da humanidade no planeta só possa ser entendida a partir das relações sociais e de um sistema de produção. Somado a isso temos também as concepções e experiências intrapessoais e ações externas a vivência humana.
Pra mim, não dá para compreender o mundo apenas a partir de uma visão de sistema econômico e social (Capitalismo X Socialismo), e me parece que muitas vezes alguns estudiosos se limitam a isso, também munidos de um idealismo.
As paradas LGBT, explosão dos guetos, são produto de uma época, de uma geração que vivencia o capitalismo como sistema econômico e social, e obviamente, sendo um movimento social terá características do meio em que se constitui. A partir disso, tento visualizá-la por vários aspectos, como uma construção de espaço (seja ele de consumo, visibilidade, lazer...), de produto de um sistema econômico, e também como afirmação de uma identidade de grupo (o qual se constitui pela identificação e opressão).
E dentro da minha visão ideológica (porque seria impossível a neutralidade) acredito que a desqualificação da parada vem, principalmente, da “minoria” opressora, que vê sua moral e principios afronados. Mesmo que ela não tenha palavras de ordem, militantes politizados revogando determinada lei, ela ainda é política e reivindicatória, pois ela coloca nas ruas (hoje de todo canto do país) - um local público, a manifestação das inúmeras IDENTIDADES sexuais. Elas mostram as travestis, os gays (masculinizados e afeminados), as lésbicas (menininhas e caminhoneiras), as dragqueens, e as (os) transexuais como são, uma contestação aos padrões hegemônicos. Assim, as paradas LGBT afrontam os conceitos machistas da constituição da família patriarcal, a qual é disseminada pelas igrejas, também fruto de um processo econômico e social.
Alguns acreditam que as paradas apresentam um formato agressivo de se atingir o objetivo primordial – o direito de se manifestar a sexualidade. E ainda como alavancas contrárias ao movimento, como estímulo a ridicularização e a homofobia. Ou apenas como um evento vendido para o capital - um "carnaval fora de época".
Ora, mas a partir de que parâmetros consideramos isso? São os esteriótipos que prejudicam a imagem e identidade do grupo? É o formato do evento que o qualifica como movimento social? Quem, hoje, compõe as grande paradas? É com os olhos de quem que avaliamos isso? Eu, hoje, acredito que muitas vezes olhamos para tudo isso com os olhos dessa “minoria” opressora, que nos condiciona a uma visão e percepção limitada da realidade.
Porque as “bichinhas poc-poc” ou as “caminhoneiras” denigrem a imagem do grupo? Se são elas e eles grandes militantes do nosso cotidiano. Eles dizem todos os dias “Temos uma manifestação de sexualidade diferente da sua”. Será a mulher ou homem, intelectual, “menos afetado (a)” o (a) principal militante contra a homofobia? A meu ver não, porque ele é o que está mais próximo dos padrões de poder, conseqüentemente, será mais aceito. Não porque aceitaram sua orientação de verdade, mas porque ele é o mais parecido com quem o oprime, ou seja, é superior na classificação dos olhos dos opressores.

A partir do meu idealISMO acredito que as paradas se configuram como contradições de um sistema ecomomino e social em processo. Ela é a afirmação e negação do mesmo. É a mão e a obra.

OBS: Aceito nesse texto duas definições de minoria: 1) Número reduzido de pessoas; 2)Grupo de indivíduos excluídos do poder.


A REVOLTA DOS PERDIGOTOS
Por: João Ximenes Braga

[Carta sobre o Homoterrorismo]

E quando se trata de sexualidade, só existe uma coisa no mundo que consegue ser mais desprovida de importância que a opinião pessoal: o julgamento moral. Você pode julgar quanto quiser a sexualidade alheia. Não tem importância. Você pode ser conservador e barrar leis no Congresso, fazer passeatas pela família, dizer que o mundo está acabando, que Deus vai punir a todos. Não tem importância, não passa do registro da fofoca, ninguém vai deixar de se deitar com quem quer. Pode até deitar escondido, ou demorar a criar coragem, mas vai deitar. Deitar e suar e trocar saliva e outros fluidos que, com sorte, ficarão na camisinha. E você pode achar isso nojento. Mas não tem importância. Pois a sua opinião e o seu julgamento sobre a sexualidade alheia não tem importância. Porque é alheia. Se for alheia, é do outro; se é do outro, não é sua; não sendo sua, não vai mudar por sua causa”.

segunda-feira, julho 13, 2009

Críticas

Guardemos os mais vailosos elogios para os momentos oportunos, não os gastemos no calejar dos dias de labuta. Eles só são válidos quando escassos. Deixemos que falem, gritem e gozem as críticas, pois serão elas que nos farão bons.