sábado, abril 04, 2015

Redução da maioridade penal: um contrassenso da adultez.

Motivada por setores conservadores da sociedade, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição 171/93, que visa reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. Segue a discussão na casa legislativa, nos conselhos especiais, em fóruns, em debates acadêmicos e nas redes sociais. E o que isso significa?

Para mim, fazer frente à violência com projetos de leis pela redução da maioridade penal é um contrassenso. Isso mesmo! Uma contradição de conduta para nós adultos, haja vista que não há nada mais imaturo que projetar a responsabilidade àquele que não é o responsável.

Não fui claro? Pois bem, caro leitor, deixe-me explicar: acreditar que o sujeito - menor de idade - é a causa da violência que acomete a sociedade, beira a insanidade e uma racionalidade infantil. Revela uma estupidez, preguiça e imaturidade em entender a complexidade de um sistema social, político e econômico que produz toda a intolerância, truculência e selvageria nas diversas sociedades.

A violência é histórica e diz de um processo com múltiplos fatores, logo, tratá-la pontualmente, sob a responsabilização dos sujeitos, representa total falta de coerência própria da adultez.

Defender a redução da maioridade penal é legitimar o genocídio urbano nas periferias das metrópoles e nos interiores Brasil a fora.  E acredito que qualquer brasileiro, com o mínimo de maturidade, reconheça o fracasso do nosso sistema penitenciário.

Recuso-me render-me às respostas fáceis dos telejornais conservadores e elitistas, prefiro olhar qualquer pessoa como sujeito dotado de valor moral. Acredito que só podemos pretender a mudança social se nos enxergarmos como corresponsáveis pelas realidades e mazelas que atravessam todos, de modo que, maduros, tenhamos a capacidade de contestar a estrutura e a estratificação social que produzem a violência.