Mais um passo ao retrocesso histórico para o município de
Americana. Mais uma vez as cartas marcadas foram postas na mesa. E o que jogamos?
É uma brincadeira? Temos 137 anos e ainda brincamos? Quais são as regras que
nos orientam?
Ao que parece, estamos no jogo da democracia. Contudo, faltam
peças, o tabuleiro já tem marcas, o dado está viciado, os jogadores usam as
mesmas táticas. Será que ainda somos crianças preguiçosas que nem lemos as
instruções?
Paulo Chocolate foi eleito presidente da Câmara e Valdecir Duzzi
seu vice. Leonora do Postinho compõe a mesa diretora. Era tudo previsível, não
é? Aliados e oposição de governo, como sempre previsíveis. Números exatos de
votação, tudo certo, objetivo, afinal, todos os representantes, das inúmeras
frentes ideológicas e partidárias que compõem o cenário político americanense pensam
semelhante. Eu entendi certo?
Para uma cidade que poderia se orgulhar dos índices de
desenvolvimento humano que conquistou na sua história, mergulhar num cenário de
marasmo político, de cartas postas e previsíveis, é vislumbrar um futuro pouco
promissor.
Daí, engana-se aquele que confere e associa à contemporaneidade o
bom IDH que o município apresenta. Seríamos levianos, ingênuos e, em certos
casos, até oportunistas em afirmarmos isso. A educação, a saúde e a longevidade
de uma sociedade, por exemplo, que nos apontam a qualidade de vida de um lugar
e de um povo, são produções sociais que se moldam em ações e contextos
históricos que compreendem épocas, gerações, e não apenas anos e momentos pontuais.
Numa leitura simples da nossa realidade sócio-histórica nos vejo
como presas de um capitalismo selvagem. A sociedade da tradição, família e
propriedade se isenta propositalmente de uma racionalidade crítica. Nossa indiferença
e pouco caso com a política local muito têm a dizer sobre os valores e a ética que
concebemos no cotidiano. Adiante teremos os reflexos de tudo que temos
produzido hoje.