Um dos
grandes filósofos da antiguidade, Sócrates (469-399 a.C.), acreditava, em
linhas gerais, que a filosofia não ensinava nada, mas ajudava o sujeito
encontrar a verdade por si mesmo. “Sei que nada sei” é a máxima que rompe com
nossa arrogância em acreditar que o que dizemos é o que realmente é. Suponho
que se Sócrates estivesse no atual cenário certamente beberia a cicuta, veneno
que o matou na antiguidade.
Transitando
por três tipos de instituição de ensino, uma pública, outra privada e a
terceira do sistema S., percebo que, para além das diferenças e
particularidades de cada uma delas, quando falamos de uma racionalidade
operante das práticas sociais, o mesmo modelo se impõe em todas elas. Numa faço
mestrado, noutra minha segunda graduação e na terceira atuo como educador.
Apesar de
considerar todas aquelas constatações que já sabemos no senso comum, de como
estruturalmente essas instituições constituem suas comunidades, atravessadas
por uma lógica de classe, privilégios e formas de dominação, quando legitimamos
as autoridades nos espaços de educação; penso que temos um desafio: estabelecer
um diálogo entre “papagaios burros”, termo que empresto do prof. Fábio Camilo
Biscalchin e sugiro a leitura de sua obra.
Na
sociedade contemporânea do imediato, baseada no espetáculo e na performance,
não há espaço para a reflexão, não é mesmo, caro leitor? Quantos de nós,
concomitantemente à leitura de uma matéria nas redes sociais e mídias
eletrônicas, já colocamos nossa opinião? Todos querem ter a verdade e
compartilhá-la. E já dizia outro filósofo, mais contemporâneo, Foucault
(1926-1984), que o poder está em todas as pessoas e relações.
Não é que
essa moção pelo compartilhamento de ideias não seja importante, tão pouco que
todos possam apresentar seu posicionamento, afinal a democratização do
conhecimento e da participação é um princípio ético para a vida em sociedade. O
problema é quando nos esquecemos que é preciso pensar.
Infelizmente,
nessas instituições de ensino vejo esse paradoxo: uma repulsa ao pensamento,
quando o objetivo é a formação. Assim, naquelas escolas de ensino que
denominamos “superior” queremos a crítica pronta e o método que legitime a
nossa verdade e produzimos saberes como sapatos, já em outras observamos o
consumo do conhecimento, quando em toda aula prima-se pelo espetáculo e platéias
contagiadas e noutra acolhemos sujeitos que, numa formação técnica, buscam
práticas e procedimentos que os transformam em máquinas, peças sem
subjetividades, sem valor moral e humanidade.
Retomemos
Sócrates, pois é preciso uma vida com pensamento!