quarta-feira, setembro 10, 2014

Eleições 2014 e o reacionário interior de São Paulo



            Curioso pensar como o cenário político das eleições 2014 mudou após a morte de Eduardo Campos. A estabilidade de Dilma, a queda de Aécio Neves e o levante de Marina Silva. Afinal, quais são os motivos que levam os eleitores escolherem seus representantes? E por que o interior de São Paulo é tão reacionário, configurando-se como um dos locais de maior força dessa reviravolta abrupta? 

            Ao que me parece, simbolicamente no imaginário social, a morte do candidato à presidência representa uma metáfora do luto pelas mazelas cotidianas, oportunamente trabalhada discursivamente por aqueles que buscam a condução das massas. É a promessa de vida! Pois tudo, a partir de então, será diferente. O assassinato diário dos cidadãos pelo sucateamento dos serviços públicos e redução do Estado é abafado por falas fantasiosas, promessas vazias e sem sentido na atual conjuntura.

            Ignorância e contágio emocional caminham de mãos dadas. E já dizia Le Bon, pensador do final do século XIX e início do XX, muito relido em tempos atuais, “as massas se tornam burras”. Essa volatilidade dos eleitores, entre outras coisas, aponta para uma falta de consciência política, visão holística e da totalidade. É proposital: os rebanhos não conseguem transpor os limites do curral.

            O interior de São Paulo tem muito que amadurecer politicamente, pois ainda não rompemos as cercas do curral. Somos reacionários às transformações reais. Falamos de mudanças em esfera nacional e mantemos há mais de 20 anos a mesma gestão no estado de São Paulo. Uma incoerência, não? A suposta defesa da mudança e do novo é uma farsa e falácia, pois aqui, na maioria das vezes, nos posicionamos junto às forças hegemônicas. Olhemos para nosso cenário! Transferência do espaço urbano ao mercado imobiliário e especulativo, manutenção das antigas formas de reprodução do capital, inventivo a uma indústria obsoleta, políticas sociais e de cultura à deriva, etc.

            Convido o leitor e eleitor que acredita nessa promessa do novo fazer um exercício: pensar o que é esse novo e quais os caminhos efetivos para a mudança, pois não podemos ser incoerentes e rasos. Isso é descompromisso. Falar em pautas consensuais, como educação e saúde, é tão óbvio  como rezar uma missa com a paróquia cheia. Não sejamos ludibriados e tenhamos motivos claros e coerentes para votarmos, isso é um compromisso nosso enquanto cidadãos.  

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