Curioso
pensar como o cenário político das eleições 2014 mudou após a morte de Eduardo
Campos. A estabilidade de Dilma, a queda de Aécio Neves e o levante de Marina
Silva. Afinal, quais são os motivos que levam os eleitores escolherem seus
representantes? E por que o interior de São Paulo é tão reacionário,
configurando-se como um dos locais de maior força dessa reviravolta abrupta?
Ao que me
parece, simbolicamente no imaginário social, a morte do candidato à presidência
representa uma metáfora do luto pelas mazelas cotidianas, oportunamente
trabalhada discursivamente por aqueles que buscam a condução das massas. É a
promessa de vida! Pois tudo, a partir de então, será diferente. O assassinato
diário dos cidadãos pelo sucateamento dos serviços públicos e redução do Estado
é abafado por falas fantasiosas, promessas vazias e sem sentido na atual
conjuntura.
Ignorância
e contágio emocional caminham de mãos dadas. E já dizia Le Bon, pensador do final
do século XIX e início do XX, muito relido em tempos atuais, “as massas se
tornam burras”. Essa volatilidade dos eleitores, entre outras coisas, aponta
para uma falta de consciência política, visão holística e da totalidade. É
proposital: os rebanhos não conseguem transpor os limites do curral.
O interior
de São Paulo tem muito que amadurecer politicamente, pois ainda não rompemos as
cercas do curral. Somos reacionários às transformações reais. Falamos de mudanças em esfera nacional e mantemos há mais de 20 anos a mesma gestão no estado de São Paulo. Uma incoerência, não? A suposta defesa
da mudança e do novo é uma farsa e falácia, pois aqui, na maioria das vezes,
nos posicionamos junto às forças hegemônicas. Olhemos para nosso cenário!
Transferência do espaço urbano ao mercado imobiliário e especulativo,
manutenção das antigas formas de reprodução do capital, inventivo a uma
indústria obsoleta, políticas sociais e de cultura à deriva, etc.
Convido o
leitor e eleitor que acredita nessa promessa do novo fazer um exercício: pensar
o que é esse novo e quais os caminhos efetivos para a mudança, pois não
podemos ser incoerentes e rasos. Isso é descompromisso. Falar em pautas consensuais, como educação e saúde, é
tão óbvio como rezar uma missa com a paróquia cheia. Não sejamos
ludibriados e tenhamos motivos claros e coerentes para votarmos, isso é um
compromisso nosso enquanto cidadãos.
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