quarta-feira, maio 21, 2008

Fuga


Embora se pareça escuro, os lábios traçam a alegria da esperança, expressa num sorriso frágil.

(...)

Ele esconde no grito o medo do seu silêncio, foge do espelho na angústia de não se ver, pensa em tudo para se esquecer de si e da própria vida.
Ele parece velho perante os outros, e assim o reconhecem, esconde na aparência de fortaleza a fragilidade de um menino que não queria crescer tão rápido.
Ele sofre, mas não chora, pois as feridas de tempos passados o tornara frio para as próprias dores. Está preso e por mais que busque não consegue a liberdade.
Ele permanece em constante fuga: Escreve, sonha, milita, idealiza, cria e conversa, sem saber o porquê. Contudo tem motivos para não se olhar e se encontrar.




Fábio Ortolano


"Um dia desses eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar". (Carlos Drummond de Andrade)

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