segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Carnaval em São Paulo, que seja livre e espontâneo.

Gambiarra - O Bloco.
Foto: página do evento.
Quer saber? Salvo os exageros, vamos parar com esse monitoramento excessivo da vida, carregado de moralismo mesquinho e medíocre. São Paulo precisa de lazer. E lazer livre, autêntico e espontâneo, sem a racionalidade controlada do trabalho, da ordem.

Erotismo é isso, uma trégua, uma ruptura, uma explosão em que nos permitimos fugir das regras e dos limites, temporariamente, é claro. É o gozo da vida e nós, humanos, precisamos disso. O carnaval, para mim é isso, independente do que politicamente pode representar, aliás, o erotismo como possibilidade de recreação por si só já é político, sobretudo num espaço controlado. 

Será que não podemos conscientemente administrar as consequências do que fazemos? Será que a cidade mais rica – como adora ostentar – não pode investir numa experiência do lúdico, da diversão e da recreação sem controle, de modo que planeje as ações a tarefas necessárias para tanto?

Reclama-se do lixo, do som, do xixi nas árvores, como se no cotidiano não tivéssemos bairros sem saneamento básico, automóveis que, em funcionamento na metrópole, ultrapassam os limites sonoros aceitáveis e árvores reféns de chuvas ácidas, podas irregulares e projetos de transformação do espaço.

Não se trata de apologia ao descaso e indiferença com o público, ao contrário, é a valorização das experiências, com a sorte de que estas sejam motivos para viver bem em algum lugar, ter pertença e, assim, importar-se, sem ser indiferente. Importamos-nos com aquilo que valorizamos, não apenas através da instituição de parâmetros, leis que assegurem algo como patrimônio, legado ou um bem para o social, mas quando atribuímos sentido, através de nossas experiências subjetivas.

Assim, vamos nos permitir a diversão, o erotismo como parte essencial constitutiva dos sujeitos e que o município se programe para isso, com operações de limpeza, por exemplo. Afinal, quando fazemos uma festa em casa, ao que me parece, se não temos algum transtorno obsessivo compulsivo, não ficamos nos controlando e, ao final, limpamos satisfeitos pelos sorrisos, risadas e conversas celebrados. Que a prefeitura instale banheiros químicos onde os blocos passarem, mas se não forem suficiente, o xixi é orgânico, não é mesmo? Certamente deve ser menos prejudicial que a chuva ácida. 

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei o Post!