*Texto originalmente escrito como redação para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2014
Exposição "O mundo segundo Mafalda" (2015)
Praça das Artes - SP
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Desde a antiguidade a persuasão sempre
fez parte das nossas relações, seja no paradigma greco-romano, quando
defendia-se uma ideia pela argumentação ou no paradigma judaico-cristão, quando
a Igreja e a filosofia medieval defendiam seus dogmas como máximas comuns a
todos. Aliás, foi com a promoção de suas celebrações, venda de objetos santos,
entre outras coisas, que a Igreja deu início à publicidade, ainda que à época não
se nomeasse de tal modo.
O fato é que se sempre houve a
intenção de persuadir pessoas, devemos ter em conta ter em conta as relações de
poder que se estabelecem a partir disso, bem como as discursividades que as
constroem. Em se tratando das crianças, por ainda não terem autonomia sobre
suas ideias, pensamentos e julgamento e serem influenciadas por discursos
simples, temos que estar atentos e socialmente criarmos parâmetros para que a
relação assimétrica entre elas e os adultos não interfira em suas
subjetividades, quando, por exemplo, criamos uma necessidade de consumo a qual
muitas delas não poderão suprir.
Essa atenção é uma
responsabilidade do mundo adulto, uma vez que as consequências da publicidade para
uma criança tanto influenciam nas suas experiências pessoais, como no
sentimento de felicidade, quanto em toda conjuntura social, haja vista o
aumento do consumo excessivo de muitos produtos e serviços impacta na saúde
pública e no bem-estar social. Se pensarmos nos reflexos da publicidade que se
alinha a uma de nossas pulsões de vida, a fome, nos Estados Unidos e no Brasil,
o número de crianças obesas hoje é alarmante e representa uma série de
problemas, como o aumento de doenças cardiovasculares, baixa auto-estima,
custos com medicamentos, etc.
Inspirados na personagem Mafalda,
devemos problematizar as questões do nosso cotidiano, como dissemos a persuasão
sempre esteve presente na história e a publicidade infantil está muito presente
nos dias de hoje, inclusive porque muitos meninos e meninas têm recebem
infinitas informações através dos brinquedos, mídias, celulares, games, etc. No
Brasil, além de refletirmos através da arte que atinge em geral diversos
públicos, podemos propor e reivindicar projetos de leis de base educativa
construídos à luz dos princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e
preocupados com as especificidades da infância, conscientes de que os adultos
são responsáveis por esses menores.
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