domingo, maio 22, 2011

Orações para Bobby

Caro leitor, você conhece o PL 122? Caso não saiba o que venha ser tal projeto de lei, por gentileza, pesquise e se informe. E não limite-se ao que irei escrever-lhe ou à que digam a você.


Trata-se de um projeto de lei polêmico que vem sendo discutido desde 2006, hoje tramitando no Senado, em que se defrontam, sobretudo, políticos a favor da causa LGBT e fundamentalistas (conservadores que enxergam suas crenças como verdade absoluta e irrefutável) da bancada evangélica. O projeto de lei propõe alterações/mudanças na CLT, no código penal e na lei que define os crimes por preconceito.

O PL é de autoria da deputada federal Iara Bernardi, da região de Sorocaba, professora e militante da educação. Ao seu lado estão os militantes da causa de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) que, caso o PLC seja aprovado, serão contemplados com novas medidas para redução da violência em que seus pares são as principais vítimas.

Em oposição estão os fundamentalistas que se referem ao PL como “Mordaça Gay”, a qual, para eles, pune o livre pensamento. Alguns religiosos e a bancada evangélica do Senado/Congresso defendem que a proposição fere a liberdade de crença e de expressão.

Como assim? Qual a é concepção de crença? Única, absoluta e verdadeira para todos? O que entendem por liberdade de expressão? Propor a punição para prática, indução e incitação à discriminação e ao preconceito e buscar banir qualquer tipo de ação violenta, vexatória, constrangedora e intimidadora é por uma focinheira nos homens e mulheres de bem? Não entendi. Militam pelo direito de afirmar suas verdades fundamentadas numa crença opressora, normativa e hegemônica sem qualquer preocupação com seus ouvintes? Convém mencionar que tais verdades fundamentalistas, sobre sexualidade e constituição familiar, corroboram com uma cultura e justificativa de violência, haja vista os discursos de grupos extremistas/neonazistas.

Igrejas evangélicas organizaram a Marcha para Jesus em Curitiba, que reuniu aproximadamente 50 mil pessoas, organizando um abaixo-assinado contra o PL 122 e o material de combate a homofobia do MEC, promovendo um retrocesso do governo que opta por evitar polêmicas diante de uma conjuntura de escândalos. Eu, sinceramente, gostaria que as igrejas explicassem o sentido dessas bandeiras. Por que insistem em ir à contramão de seu maior objetivo, o bem social.

O título desse artigo é o mesmo de um livro e um filme que, baseados em fatos reais, contam a história de um jovem que se suicida ao final da década de 70 por não ser aceito por sua família após assumir sua orientação sexual. Revelam alguns dos conflitos e experiências que acontecem numa família, tão protegida e tutelada pela religião.

Sua mãe, uma cristã, segue sua crença sem qualquer questionamento ou reflexão e o submete a terapias e ritos religiosos com o objetivo de curá-lo. Depois que seu filho salta de uma ponte, Mary Griffith descobre seu diário e começa a entender sua realidade sem que deixe de lado sua crença, compreendendo que contestá-la também é prova para que a mesma seja verdadeira. Em 6 de dezembro de 1995 Mary testemunhou ao congresso americano e hoje é militante da causa LGBT, construindo um legado de trabalho a favor dos direitos humanos.

"Aos olhos de Deus, gentileza e amor é o que importa. Antes de fazer eco de amém em sua casa ou local de adoração, pense e lembre-se: Uma criança está a ouvir".

- Mary Griffith


Um comentário:

disse...

Ótimo!