quinta-feira, setembro 08, 2016

Anti-urbanismo em Americana (SP, Brasil)

*Texto originalmente escrito para colaboração ao jornal O Liberal.

Lago no Parque N. M. da Gruta. Fotografia: Fábio Ortolano, 2016.
Estimo que, encorajados e entusiasmados, possamos mudar a triste realidade que nos é apresentada como única possibilidade de vida e ordenamento territorial na contemporaneidade.  A remodelação do espaço segundo os interesses privados e da cultura mercantil, unida à histórica desigualdade socioeconômica e cultural, traz a miséria na qual nos submetemos na atualidade. Justificativas pífias e arbitrárias em detrimento aos valores socioambientais.

Como não se bastasse o abandono do bairro histórico tombado de Carioba e a especulação imobiliária de suas áreas adjacentes, a subdivisão de lotes em áreas de preservação, como na região da represa de Salto Grande, a construção de um terminal de ônibus sem respeitar o gabarito de altura e a ambiência de um patrimônio cultural, como é o caso da Estação Ferroviária, a inexistência de saneamento básico em alguns bairros da cidade, entre outros, avançamos a passos largos rumo à destruição da maior unidade de conservação de proteção integral do município: o Parque Natural Municipal da Gruta.

Chama-se atenção para os problemas decorrentes das obras de prolongamento da Av. Florindo Cibin, relacionados à destruição da flora e fauna locais e ao agravamento da qualidade dos recursos hídricos da bacia do Rio Piracicaba. Destaca-se o soterramento de afloramentos d’água, de um lago e da vegetação nativa dos biomas Mata Atlântica e Cerrado, bem como outros prejuízos aos cursos e quedas d’água.

A transposição do Córrego da Gruta não se justifica pela mobilidade urbana. Afinal, a ausência de planejamento à época de loteamento dos bairros do entorno não pode ocasionar a destruição de uma unidade de conservação criada no intuito de salvaguardar a integridade da área.

Em tempo, há alternativas. Ao invés do prolongamento proposto, sugere-se a duplicação da Av. São Jerônimo, a 900 metros de distância, com ligação na continuidade da Av. F. Cibin no final do Parque, considerando uma ocupação sustentável do território e a preservação do ambiente natural.  

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