quinta-feira, janeiro 04, 2007

Escola


Iniciei meus estudos no ano de 1992. Era tempos de feira de ciência, festas da pizza, junina e etc. Bons tempos aqueles. Lembro-me de uma comemoração de dia das bruxas, foi incrível, não por minha classe ter ganho o prêmio de melhor decoração, mas pela cooperação que houve entre alunos. Do resto, tudo íamos mal, futebol, arrecadação de mantimentos e etc.
Passei oito anos de minha vida na Mattos Gobbo, por mim passaram vários professores, alguns ótimos, outros bons e até professores de "fundo de quintal".Raquel(que ainda vejo esporadicamente)de Português,Othonaide de Ciências, Márcia de Ed. Física, Catharina de Inglês, Adélia de Matemática, Maria Lazara...rsrs de geografia, Totó e assim por diante.
É triste recordar de algumas coisas. Certo dia eu estava descendo a escada que da para as salas de baixo e me dei conta de quanto aquela escola havia mudado. Foi uma sensação horrível, me senti roubado, injustiçado, desprotegido, impotente. Era muito novo, acreditava que os grandes responsáveis eram políticos.
Não tinham mais aquelas festas, os grêmios mal se formavam, a biblioteca...Para que a tinha? Se não havia o incentivo a leitura e mal se falava de literatura nas aulas de português. A única coisa que lembro, foi um trabalho que fiz sobre arcadismo, só!
Sem contar na sala disponível para tal, era um cubículo que só caberia um acervo de livros didáticos.E a inclusão digital? rsrs. Não sei se dou risada ou choro. Sei que só pude tocar no computador de lá duas vezes. Na verdade, as únicas pessoas que utilizavam os PCs eram funcionários da escola, irônico, não é? Já que estes certamente tinham mais acesso a essas tecnologias. Não os culpo, afinal, são também vítimas de um sistema de educação falido.
No último ano que estudei naquela escola, teve um "Concerto pela paz na escola" realizado pelo governador Geraldo Alckmim. Alguns alunos foram escolhidos e fomos para São Paulo, no ginásio do Ibirapuera. Achei o máximo quando a coordenadora da escola disse-me que eu era um dos escolhidos, acreditava que estava participando de um projeto no mínimo interessante. Não era. Simplesmente uma alienação. Foram alguns famosos se apresentarem e falavam bem da escola pública, que já estava desmoronando, em ruínas. Tudo farsa, como quase tudo em nosso país, no qual o estado é cada vez mais ausente.Hoje minha visão é outra, o problema vai muito além da corrupção ou da falta de interesse de nossas autoridades. Todos nós temos uma parcela de culpa. E quando me perguntam como era estudar em uma escola pública, prefiro falar das coisas boas. Mas preferir nem sempre é o que fazemos, exemplo disso é o texto que acabo de publicar.
Diante disso, para não ser tão impotente eu estudo, quero ingressar em uma universidade de qualidade, e acredito que todos deveriam ser assim, não como eu, mas como alguém que deseja mudar o quê parece estar errado, dentro de suas possibilidades.
Fábio Ortolano

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